segunda-feira, 26 de março de 2012

Domingo de Clássico da Cidade de São Paulo

Por: Beto

O Lado de Cá da Marginal viveu mais uma tarde de “Clube da Luta”, como relacionou o jornalista Mauro César Pereira.

Quem se recorda desse filme, entenderá a relação.
Quem não assistiu, deve fazê-lo, para compreender a situação dos confrontos entre membros de Torcidas Organizadas em SP, no Brasil e no mundo. Confronto que mais uma vez estragou o futebol nosso de cada domingo.

Assim como o confronto nos clássicos, a reação do poder público e da mídia foram repetidos, manjados, ingênuos e plenamente ineficientes.

As velhas caras do “jornalismo” esportivo esculacham torcedores, chamando-os de vagabundos e bandidos, incentivam que as famílias assistam o clássico pelo Pay-Per-View.

A Federação proíbe através de um gesto simbólico as faixas, bandeiras e baterias das entidades envolvidas de entrarem nos estádios.

Pois bem.

É impossível e absurdo dizer que todo torcedor organizado se envolve em confrontos. Em termos estatísticos, se todos eles brigassem nas ruas, não haveria mais pedra sobre pedra na cidade. Segundo ponto: as torcidas organizadas fazem parte do clássico, fazem parte da festa do clássico. Bandeiras, fumaça, gritos, bateria.

Os torcedores organizados se organizam também na festa. A mesma festa que abastece os cofres da mídia esportiva, que passa aí na sua telinha na chamada dos jogos. A mesma torcida hoje punida é aquela que acompanha o time fora de casa, que vai ao estádio quando o time está caindo pelas tabelas.

A Torcida Organizada faz parte de uma realidade do futebol do Brasil e do mundo. Nada a diferencia do torcedor “desorganizado”, a não ser o fato de sentir uma identidade de grupo com a entidade e não apenas com o time.

O fato de violência faz parte dessa realidade e é preciso reconhecer isso. Historicamente, essas torcidas competem entre si. Na festa e na prática.  Querem ir e vir na cidade, sem depender de proteção de polícia. Trilhando seu próprio caminho.

Isso gerou um histórico de confrontos envolvendo as Torcidas e o entorno dos campos de futebol. Mas isso mudou!

A cada dia, as entidades são deixadas de lado como motivação da briga. O time de coração, então, nem se fala. Os “bondes” representam apenas grupos de amigos ou colegas e hoje se fragmentam dentro da Torcida.

As entidades organizadas não tem controle nenhum sobre.
Aí que entra o Clube da Luta. A Treta e a Adrenalina da treta. Isso que move os confrontos.
Ponto.

Gaviões, Mancha.
Isso é apenas o estereótipo. As outras palavras complexas eu deixo para quem entende melhor do assunto. Que eu arrisco dizer deve ser do campo da psicologia, filosofia ou quem sabe espiritismo... Jamais do MP ou da PM.

As Punições e a intervenção, com certeza devem ocorrer!
Inclusive poderiam contratar estagiários do 6º, 7º ano fundamental que um mapa completo dos confrontos com data e horário estaria pronto em poucas horas. Basta mínimas noções sobre redes sociais.

Nesse lugar, Polícia deve agir, para impedir que as pessoas de serem atingidas e envolvidas na briga.
É lá que a Polícia deve ser truculenta e não na arquibancada, agredindo torcedores.

Quem acorda 8 da manhã pra brigar quer brigar.
Quem paga ingresso caro pra ver o jogo quer disseminar uma cultura, uma alegria, uma história.

Ir ao clássico de domingo. Tenho orgulho em dizer que tava lá ontem. Sem briga no meu caminho a na minha tarde. Pois eu sabia onde e como ela aconteceria.

Sem aprofundamento com meu envolvimento pessoal, tanto na arquibancada, quanto na Torcida e até mesmo com relação ao bairro onde ocorreu o confronto.

Só vou lembrar que aqueles que gostam de briga já estão se afastando do estádio.
A FPF não precisa afastar os que não gostam!

Simples.
Enaltecer a festa que faz a Gaviões a Mancha e outras é um golpe naqueles que querem a briga. Fortalece o sentimento de alegria do futebol e cada vez mais distingue aqueles que saem de casa com a cabeça cinza.

Igual aos personagens do Clube da Luta.




5 comentários:

  1. Mais uma vez apavoraram! Gosto muito da opinião e dos assuntos abordados aqui, estão de parabéns mesmo!

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  2. O Clube da Luta da Inajar, já existe a pelo menos 6 anos. Todo mundo que conhece um pouco a Freguesia sabe disso. Quem vai colar no jogo e não quer saber de treta... evita aquela região. Já é o costume... Daqui 3, 4 semanas vai ter as semifinais e vai acontecer de novo. A vingança é questão de semanas. Não adianta a hipocrisia de "proibir" as torcidas!

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  3. A Torcidas Organizadas tem que se posicionar claramente contra os que organizam as tretas... tem que "tirar" o corpo fora e dar a resposta na arquibancada, com festa.

    É fácil mandar punir as TO's.

    Mas a maioria dos torcedores vai no jogo uma vez por ano.
    Sem elas o estadio estaria vazio.

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  4. Betão,
    Sempre bom ouvir sua opinião - sem puxar saco, na sinceridade. Não consigo acrescentar muito ao debate. Penso que as torcidas organizadas colocam no âmbito do futebol o que vejo acontecendo em vários aspectos da vida social: uma grande defesa, com seu "vestir a camisa", da um ideal "maior", para além do ação pensada. Isso ocorre nos Partidos, Escolas de Samba,cursos universitários, etc, ou seja, em tudo que apresente uma "bandeira". Logicamente, isso ocorre em graus diferentes, mas há um aspecto comum: falta de exercício da igualdade e do respeito. Vide os jogos universtários, que, paralelamente às torcidas organizadas, "combinam" seus próprios espaços de confronto. Coloco, assim, uma questão: por que será que há tanta necessidade de autoafirmação por parte dos indivíduos integrados nestes "coletivos". Ou, em outras palavras, por que a enorme necessidade de negar o outro? Será que é intrínseco ao ser humano negar o próximo para se reconhecer como si? Ou será que é a exclusão frente as oportunidades - ou falta delas - que gera tal comportamento, projetando para outrem aquilo que sofreu na pele?
    Não sei se me fiz entender. Mas é isso. Tamo junto, Betão!
    Abc Franco

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  5. Francão, sem dúvida partilho das idéias que coloca.
    Os exemplos que você deu, creio que respondem seu questionamento final! De fato, a identidade e a alteridade estão presentes na história da humanidade, desde a antropologia das comunidades isoladas até às tribos urbanas contemporâneas.

    E mano, infelizmente, identidade sempre temperada por mt quebra quebra.

    Não consigo imaginar um nível de emancipação social que interrompa esse fenômeno.

    agora, a identidade de grupo pode ser sadia.
    Nosso estágio de sociedade permite que a gente se identifique sem agredir os irmãos, "outro"... seja moral ou fisicamente.

    é nóis!

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