terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Adeus Ano Velho...

Por: Júnior


Não sei você, mas às vezes eu tenho vontade de sumir…
Sei que não vai dar certo, mas não leio os jornais, não vejo telejornais, não acesso internet. É tanta desgraça, tanta injustiça, tanta gente sofrendo, que penso estarmos tão atolados num mundo de merda que perco esperança no futuro.
Mas não adianta fugir... Sempre tem uma hora que não temos nenhum bom filme pra ver, nem um bom livro, ou ao menos um futebolzinho pra assistir.
Aí acabo vendo o noticiário... Uma senhora chorando porque precisa fazer um exame que seu plano de saúde pago pontualmente durante vários anos não cobre. Um senhor aposentado reclama das horas que esperava para ser atendido. Ele poderia ser meu avô, sua avó.
Estamos acostumados a ver reportagens sobre a saúde pública, pessoas amontoadas em corredores nojentos, mulher dano a luz no meio de baratas.
Telejornal que segue... E também segue a inacabada Primavera Árabe, a Grécia e boa parte da Europa continuam passando o chapéu. O Vaticano se desculpa por mais um caso de pedofilia no Velho Continente, uma eleição fraudulenta na Rússia e a molecada chilena continua botando pra quebrar.
Uma chuvinha de fim de tarde inundou várias ruas paulistanas... A mesma cena de sempre: um carro no meio da lama, famílias inteiras acenando de cima da laje.
Os apresentadores do jornal comemoram a fato do brasileiro estar comprando mais carros e mais celulares. Não sei você, mas eu não acho que maior poder de compra signifique uma vida melhor.
Mais uma comunidade carioca que caiu no conto da pacificação, mais uma greve que só mostram o lado do patrão, uma reportagem pelegaça mostra a movimentação nos shoppings.
O pai que matou o filho, o filho que matou a mãe, a mãe que chora a morte de seu filho atropelado por um boy bêbado. É um clichê do jornalismo moderno; filmar a cracolândia do alto de um prédio.
Às vezes acho que deveria acreditar em Deus, e colocar a culpa de tudo na conta o Divino onipresente, que tudo vê.
Mais duas câmaras de deputados aumentam seus salários. Em Brasília, mais uma MP no mínimo duvidosa, mais um ministro metido em corrupção é demitido, várias votações feitas às pressas para chegar logo as férias... Melhor arrumar alguma coisa pra fazer.

Quem deveria ao menos tentar melhorar nossas vidas... Está mais preocupado em garantir seu Feliz Natal, seu próspero Ano Novo!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Obrigado Doutor!


Por: Junior


Esse texto não trata de um Corintiano escrevendo sobre um ídolo do seu Clube de coração... E sim um texto em homenagem a um cidadão idealista, inteligente que sempre pensou no bem comum.



Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor, o Magrão ou o Crates.
Meu maior ídolo se foi no ultimo Domingo.  Eu não sou fã apenas do seu magico futebol, que infelizmente não vi...
Era sim fã do sujeito Sócrates, de seus ideais, da sua maneira de ver o mundo.
Sempre achei uma grande besteira essa relação fã/ídolo. Nunca entendi o porque de endeusar uma pessoa por ela ser talentosa. Só fui entender isso uns 5 anos atrás, num show que nem lembro de quem era no Sesc Pompeia. Encontrei o Doutor Sócrates, e não tive qualquer tipo de reação. Nenhuma palavra, não dei um aperto de mão, muito menos um pedido de uma foto. Fiquei paralisado, boquiaberto, enquanto ele passava por mim.



Sócrates foi único, muito diferente dos jogadores de hoje em dia. Carismático, contestador, politizado, que pensava sempre no coletivo e com um grande espírito de liderança. Fez de tudo para não ser craque, mas o foi.
Nascido em Belém e criado em Ribeirão Preto, Sócrates se formou em Medicina pela USP no campus Ribeirao Preto. Quando jovem, conciliava a vida de estudante com a vida de jogador de futebol, achando que não teria futuro como jogador. Ele dizia que só jogava pra ter dinheiro da gasolina e da cerveja de cada dia.
Ele começou a se destacar pelo Botafogo de Ribeirão Preto, e em 1978 depois de formado, foi contratado pelo Corinthians. 
Fez historia dentro e fora de campo.



Dentro foi Tri campeão Paulista 79/82/83.
Foi capitão da espetacular seleção de 82 que tinha além dele, Zico, Falcao, Cerezo...
Também jogou a Copa de 86. Tinha muita visão de jogo e uma arma mortal: o calcanhar.



Fora de campo, transportou para a estrutura do Clube os novos tempos que sopravam no cenário politico do pais, com um processo de maior participação dos jogadores nas decisoes que os envolviam, a chamada "Democracia Corintiana".
Participou ativamente das manifestações populares em favor da realização de eleições diretas para Presidente, e prometeu que se a emenda em favor da diretas não fosse aprovada no Congresso iria embora do pais.
O Congresso frustrou a todos e o Doutor rumou para a Itália para jogar pela Fiorentina.





Sócrates, nos deixou aos 57 anos. Dificil não lembrar dos mais velhos e mais sábios que dizem que;
"Os bons vão embora. e os maus ficam".



Vai na boa Doutor...
Onde estiver espero que esteja com o braço erguido com o punho cerrado... olhando por "nóis"!



Muito, muito obrigado por tudo Doutor!