quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O X do problema

Por: Junior

O que significa um simples X pra você?
O valor a ser descoberto numa operação matemática, o lugar onde está escondido um tesouro ou a marca da Xuxa?
Se você é morador da periféria paulistana, o X tem outros significados: desrespeito, truculência, medo...
Há alguns meses a cena é a mesma: moradores de áreas de risco, loteamentos ainda não regularizados ou de áreas por onde passará o Rodoanel, são suprendidos com um aviso de desocupação... as casas são marcadas com um X, numeradas e começam as ameaças constantes. Em pouco tempo tiram todos de suas casas.
É prometido o mesmo que é prometido todos os anos às centenas de familias que tem seus lares destruidos em enchentes ou incêndios de favelas... Algum secretário engravatado, rodeado de microfones, promete que todos serão enviados para algum CDHU, Cohab ou Cingapura. Mas as familias conseguem alguns meses depois o indecente bolsa-aluguel e os "sortudos" que conseguem um teto são enviados para bairros distantes, longe de seus empregos e escolas.

 É Jão... E você ai fofocando no facebook!

 
O deficit habitacional nessa cidade é enorme: moradores de rua, casas beirando corregos ou linhas de trem, é mais do que comum.
As familias que se instalaram em áreas de risco por motivo de segurança devem sim serem retiradas, mas calma ai patrão... não se resolve as coisas na marretada. A administração Kassab acha que esse é o caminho, tanto que hoje 90% dos Subprefeitos são coroneis aposentados. As subprefeituras foram transformadas em espécies de quartéis, o que só faz aumentar o desrespeito com a população. Nos ultimos meses a maioria das ações que tem a participação das subprefeituras foram feitas com altas taxas de autoritarismo, seja no envio da fiscalização de ambulantes, que é tarefa da Guarda Municipal ou na remoção das áreas de risco, lá está a Defesa Civil "militarizada".


O direito de luta por moradia é totalmente válido. Nas últimas semanas, cansados de esperar pelas migalhas do Governo, movimentos de lutas por moradia ocuparam uma dezena de prédios abandonados no Centro da cidade... Prédios publicos que há muito tempo não são usados para nada ou imoveis em que seus donos devem verdadeiras fortunas em impostos.
Triste ver gente criticando os sem-tetos por ocuparem imóveis no Centro. Eles não querem apenas morar no Centro. Uma ocupação na área mais importante da cidade chama muito mais a atenção do que uma ocupação "da marginal pra cá". Eles tem que resistir e não baixar a guarda na primeira migalha que lhes forem jogadas.

 Leis de referencia na luta por moradia:

Capitulo II, Artigo 182 - Constituição Federal
11977/09 - Minha Casa, Minha Vida

 

No começo de Setembro, a Prefeitura ameaçou interditar um Conjunto Habitacional e um Shopping, na Zona Norte da cidade. Foi alegado que eles foram costruidos sobre um antigo lixão, haveria vazamento de gás metano e grande risco de explosão.
Mas não é cheiro de gás que se sente por ali, é sim cheiro da especulação Imobilaria, há anos a administração do Shopping tenta sem sucesso comprar imoveis do entorno para aumentar suas instalações. Na verdade tudo não passou de um teatrinho entre a Prefeitura e o Shopping, um grande blefe... visando colocar panico nos mordores da região, que assustados venderiam suas casas por um preço bem menor do que realmente valem.
Tanto que o tal "problema" foi resolvido dias depois do divulgado, ou seja o lugar ficou mais de 20 anos com risco de explodir e foi tudo resolvido em 48 horas, com simples drenos no solo.
Estranho, não?

 Quem se curva aos poderosos...
 Mostra o traseiro aos oprimidos!
                             (Millor Fernandes)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

USP, Polícia Militar e Sociedade

Por: Beto

A Tropa de Choque, com 400 homens, invadiu a USP essa manhã, levou 70 estudantes para um Distrito Polícial e, até certo ponto, acabou com a ocupação da reitoria, pois não sabemos como os estudantes se organizarão nos próximos dias.

Para muitos, é o fim de um movimento sem sentido, de maconheiros estudantes de humanas, que vivem no micromundo da USP e defendem a libertinagem.

A diferença entre "Universitário" e "Cidadão Comum" (imposta pela própria política educacional do país, excludente) gerou muitas confusões sobre o assunto. Me decepcionei ao ver muitas pessoas emancipadas, esclarecidas, "livres", defenderem a atuação da PM e se posicionarem contra os estudantes.

De que lado você vai sambar, amigo?

http://letras.terra.com.br/chico-science/268822/

Não se trata de uma situação isolada. A Repressão vai "da USP ao Grajaú", como bem demonstra o site Outras Palavras. http://www.outraspalavras.net/2011/11/03/da-usp-ao-grajau-o-fascismo-em-dois-atos/

Sabemos das atrocidades cometidas pela patética PM no Brasil inteiro, todos os dias, principalmente entre jovens pobres, negros e moradores das periferias.

Ir contra os estudantes sob o pretexto de que "a USP é um micromundo" significa defender a Polícia Militar: corrupta, despreparada, com precária formação no Ensino Básico, que declara claramente em seu portal o orgulho de ter combatido os "subversivos" durante a Ditadura Militar.
http://coletivodar.org/2011/10/henrique-carneiro-professor-de-historia-comenta-conflito-envolvendo-maconha-na-usp/

Significa defender, também, a grande mídia, que trata estudantes como "vagabundos", os mesmos que, futuramente, lecionarão aos seus filhos. Exemplo disso, é revista Veja, afirmando que Ana Fani Carlos, geógrafa de refrência internacional tem problemas com sua alfabetização.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/tag/ana-fani-alessandri-carlos/

De que lado você vai sambar?

Ir contra os estudantes é negligenciar que a falta de segurança no campus é fruto da falta de segurança na cidade de São Paulo. A USP é cercada por uma favela. A favela é gerada pela sociedade excludente. Sociedade que humilha. Por isso morreu o estudante de Ciências Contábeis no início do ano, assim como morreram outros "cidadãos" na noite de ontem, nessa manhã, e agora! com certeza...

Muitos estão defendendo a Tropa de Choque, pois ainda não se familiarizaram com uma tendência social nítida: NÃO SE COMBATE AS DROGAS COM VIOLÊNCIA. O mundo todo demonstra que é preciso repensar a proibição, pensar em diminuir as mortes que são geradas pelo tráfico de drogas no seio de nossa juventude pobre.

Engraçado! FHC, aquele mesmo! do Neoliberalismo e das privatizações. Foi preciso que ele defendesse a discriminalização, se apoiando nos exemplos da EUROPA para que muitos percebessem a urgência disso. Esquecem que o jovem usuário já demonstra isso há anos, apenas na atitude de garantir sua liberdade, de fato, usando.

Por falar em Europa: O povo ucraniano recentemente invadiu não a reitoria, mas sim a sede do Governo! Italianos têm se enfrentado com a Polícia recentemente. A população de Totenhann na Inglaterra provocou caos na cidade sede das Olimpíadas porque a Polícia matou 1 morador. Aqui em São Paulo, a Polícia deve ter matado mais de um, apenas essa semana...

Vocês, conservadores, já que gostam do mundo desenvolvido, poderiam compreender seus exemplos. NUNCA VI O ESTUDANTE EUROPEU SER CHAMADO DE VAGABUNDO.

Isso acontece aqui no Brasil, ou nas recentes manifestações e na repressão ditatorial que ocorre no Chile.

Não se trata de defender estudante maconheiro. Se trata de refletir a diferença entre segurança e liberdade.

Segurança sem Liberdade é prisão! (parafraseando meu amigo Sherek!)
Liberdade sem segurança é barbárie!
NÃO É POSSÍVEL QUE NÃO SABEREMOS EQUILIBRAR!

A discussão ultrapassa os muros do micromundo elitizado que é a USP: Nossa polícia não traz segurança alguma. Traz repressão de atitudes e idéias. A polícia no campus têm abordado os estudantes com hostilidade e nada mas fez do que prender dois jovens que, ao ar livre, usavam a suposta droga atingindo apenas a si mesmos.

Seria demagogia afirmar que a solução está numa sociedade justa, dentro e fora de USP?? Seria demagogia defender acesso pleno à Educação na nossa cidade? Seria demagogia defender distribuição de renda e empregos para que o jovem não recorra ao tráfico e ao crime.

Seria demagogia um ESPAÇO ABERTO para manifestações livres, da arte à música, da opinião política aos debates? Um ESPAÇO ABERTO a quem assume sua situação de usuário de uma substância que há anos tentem satanizar, mas que está presente nos mais diversos setores: da burguesia aos trabalhadores, da ciência à literatura, da arte à medicina.

Se você samba pela polícia na USP, sambará por ela sempre! Samba junto com a mídia e com a sociedade excludente. Quer se ver longe dos "vagabundos estudantes", assim como quer longe o "bandido" - morador da periferia, desempregado. Os estudantes ocuparam a USP. Sem-Teto ocuparam o Centro, Artistas ocuparam Santa Tereza no Rio de Janeiro.
http://www.midiaindependente.org/

E tú, Brutos? SE OCUPA DA TV A CABO!

De que lado você vai sambar?
(parafraseando o companheiro nesse blog, Junior)


                          (imagem compartilhada pelo meu amigo Hércules)


Você samba de que lado fião?????????????

Com certeza: A LUTA VAI ALÉM DA USP.

Se a questão vai além da USP, COMECE VOCÊ!


                                          (imagem de meu amigo Saúva)