segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Onde está a identidade?

Os bairros estão cada vez mais populosos...mas as pessoas se conhecem menos.

Por: Junior

Como nossa vila está diferente... As pipas não se cortam mais como antes. O terreno onde fazíamos os "box" pra jogar bolinha de gude sumiu, assim como os círculos feitos nos asfalto onde rodavam "os pião".A mulecada não fica mais o dia todo com um pedaço de pau na mão, jogando taco. Ninguém desse mais a ledeira em cima de um carrinho de rolimã.

A vendinha onde comprávamos doce, peixinho, gelinho... fechou. A vizinhança não se junta mais para organizar uma festa junina. A mulecada não passa mais de casa em casa arrecadando dinheiro para pintar a rua na época da copa.

Cadê as duas pedras de uma lado, duas de outro, a bola, ou qualquer outra coisa que rolava? E a "tampa" do dedo ia embora! Os 3 dentro 3 fora jogados nos portões das casas tembém sumiram. O mercadinho do Seu Zé fechou... Agora, temos que ir num maldito hipermercado para comprar um simples pão.

Até nosso time de várzea e nossa Escola de Samba estão bem mudados. No time agora vem meia-dúzia de manos que nem são da área, que ainda ganham uma moeda pra jogar. Na Escola de samba, cado ano está mais caro para assistir um simples ensaio. A quadra enche de "mina" de nariz empinado que não são da área e só aparecem por aqui nas semana que antecedem o carnaval.

Dói ver a rua sem ninguém batendo uma bola, o céu com poucos pipas e a mulecada dentro de casa, ou até numa lan house "twitando", "curtindo"...

O casarão da Dona Maria, que tinha até pé de manga deu lugar a um condomínio. Assim como a venda, o mercadinho, ou o nosso campinho. Tudo virou prédio.

Parece que estou sendo saudosista, relembrando de 30, 40 anos atrás. Mas isso tem 10, 15 anos no máximo. O chamado "boom imobiliário' vêm acabando com a identidade de tradicionais bairros paulistanos. Hoje em bairros como Freguesia do Ó, Casa Verde. Qualquer terreno médio é usado para construir mais um condimínio, que daqui alguns meses será habitado por dezenas de famílias, que não relação alguma com o bairro.

Eles não são do bairro, não cresceram aqui, não se orgulham em dizer que são daqui. Só conhecem o bairro de dentro dos seus carros. Esses chamados "bem-sucedidos" saem cedo nos seus carros filmados, passam o dia presos no escritório e no trânsito e a noite voltam para o seu "Ap", voltam para seu mundinho.

Assim, cada vez mais o bairro vai perdendo dua cara, seu jeito, sua identidade... É o preço pago pelo chamado "progresso".

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