terça-feira, 30 de agosto de 2011

MANIFESTO

Por: Beto e Júnior

Uma discussão, e Você não se manifesta. Uma troca de idéias e Você se prefere não opinar. Como se não fosse fazer diferença. Ou se não fossem entendê-lo.
A Omissão. Velha forma de posicionamento político.
Quem já praticou, ou é praticante, nos acompanhe nessas palavras.



Quais são as formas de manifestação?
Você, insatisfeito com seu redor, procura a quem?
Uma pessoa, um grupo delas, ou uma Instituição?

Um tradicional mecanismo formador de culturas e ideologias políticas tem apresentado formas e conteúdos peculiares nos últimos meses.

Já marchamos pela Liberdade, por Jesus e contra o Código da Moto Serra.
Pelo baseado, contra a homofobia e pela Catraca Livre.
Contra o Ricardo Teixeira e a FIFA.
Há quem marchou de maneira organizada pelo revés de todos estes citados.
Há que se organizou no Vão do MASP pelo aniversário do Luan Santana.
(conversamos com esses caras pessoalmente - Gabi, Furlan, Coxa, Elis – não nos deixam mentir)


Muito dos tradicionais marchadores, ou manifestantes, os chamados Sindicatos, atualmente têm se apresentado de maneira interessante.
Com apresentações musicais, distribuição de bandeiras vermelhas e doação solidária de momentos de entretenimento.

Enquanto isso, muitas outras lutas, vermelhas, marcham e constituem verdadeiros enfrentamentos em nossa história.
Marcham em movimento. Ou Movimentos. Siglas.
Marcham em acordos. Hora aqui, e ali.
É preciso ficar esperto para não marchar distante de sua idéia.
Do Vermelho para o amarelo.
Do amarelo para o verde.
“Centro-Vermelho”
“Verde-Azul”
“Super-Vermelho”
“Super Vermelho (Fração em Chamas)”

Você, que chega até aqui conosco: Tem coragem de dizer que o povo não se manifesta??
Apostamos que sim.

E mais. Fará isso citando mártires e lutadores de outros continentes.
Em sua maioria, são referências que vem de terras caucasianas. Com cheiro de poeira e charuto das bibliotecas do Velho Mundo.
Em outros casos são lembradas as insurreições. Que pela gravidade da situação conseguem englobar mais de uma cultura. O Chile atual, por exemplo, na hora vira referência.

Rápido seria cair na real e concluir que o brasileiro “não tem tradição revolucionária”? ... ! ... ?.

Você está, assim como nós, titubeando entre a exclamação, a interrogação, as reticências ou o ponto final

A palavra ecoada, a idéia organizada ou desorganizada.
Isso é manifestação.
Cultura, política e revolução.



Não há dúvida que, em vias políticas, é preciso direcionar cada forma de manifestação. Integrá-las. Vê-las unas.

Menos de 30 anos atrás centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas na campanha das "Diretas Já". E a 19 anos o "caras pintadas" ajudaram a derrubar o então Presidente Collor. Claro! Não se impressione com essa afirmação. Eram notáveis  algumas distorções de tais movimentos, em muitos casos influenciados pela mídia e inclusive setores daqueles que pretendiam derrubar.

Mas não queremos aqui fazer um velho discurso ideologicamente adequado (entre os vermelhos, amarelos ou azuis, citados acima).

O que queremos dizer é que não se trata de um vazio revolucionário. Como muito se pensa, do povo brasileiro.

Pensemos no mundo... Há um fenômeno que vem crescendo ao redor do mundo (Egito, Siria, Inglaterra, Espanha, Chile) que é o de se organizar através das chamadas redes sociais (até que enfim acharam uma utilidade pra elas além do "Zé Povismo")



O que mais chama atenção é a transferência de muitos deles para as ruas... No Brasil a "molecada" parece que começou a perceber que "tuitaço" por si só não vai resolver nada.
E já começa a praticar a arte de ir às ruas... No último dia 13 os "teclas pintadas" organizaram uma marcha contra o Presidente CBF, Ricardo Teixeira, algo impensável um ano atrás. 



Cada tema manifestado, por qualquer pessoa, em qualquer lugar.
Cabe Sua manifestação, interpretação, resposta.
Do aborto, ao aumento da passagem, passando pelo quebra-quebra.
Quando você fica sabendo.
Pela TV, pela internet, pela música, pelo camarada, seja ele loroteiro ou não.
Quando você fica sabendo, você opina. Considera. Encerra em sua mente. Ou abre espaço pra lembrar depois.

Apenas o ato de falar, de transmitir.
Isso te faz revolucionário.

Daí a marchar é 1, 2.
Mas nem sempre será 1,2,3,4.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Onde está a identidade?

Os bairros estão cada vez mais populosos...mas as pessoas se conhecem menos.

Por: Junior

Como nossa vila está diferente... As pipas não se cortam mais como antes. O terreno onde fazíamos os "box" pra jogar bolinha de gude sumiu, assim como os círculos feitos nos asfalto onde rodavam "os pião".A mulecada não fica mais o dia todo com um pedaço de pau na mão, jogando taco. Ninguém desse mais a ledeira em cima de um carrinho de rolimã.

A vendinha onde comprávamos doce, peixinho, gelinho... fechou. A vizinhança não se junta mais para organizar uma festa junina. A mulecada não passa mais de casa em casa arrecadando dinheiro para pintar a rua na época da copa.

Cadê as duas pedras de uma lado, duas de outro, a bola, ou qualquer outra coisa que rolava? E a "tampa" do dedo ia embora! Os 3 dentro 3 fora jogados nos portões das casas tembém sumiram. O mercadinho do Seu Zé fechou... Agora, temos que ir num maldito hipermercado para comprar um simples pão.

Até nosso time de várzea e nossa Escola de Samba estão bem mudados. No time agora vem meia-dúzia de manos que nem são da área, que ainda ganham uma moeda pra jogar. Na Escola de samba, cado ano está mais caro para assistir um simples ensaio. A quadra enche de "mina" de nariz empinado que não são da área e só aparecem por aqui nas semana que antecedem o carnaval.

Dói ver a rua sem ninguém batendo uma bola, o céu com poucos pipas e a mulecada dentro de casa, ou até numa lan house "twitando", "curtindo"...

O casarão da Dona Maria, que tinha até pé de manga deu lugar a um condomínio. Assim como a venda, o mercadinho, ou o nosso campinho. Tudo virou prédio.

Parece que estou sendo saudosista, relembrando de 30, 40 anos atrás. Mas isso tem 10, 15 anos no máximo. O chamado "boom imobiliário' vêm acabando com a identidade de tradicionais bairros paulistanos. Hoje em bairros como Freguesia do Ó, Casa Verde. Qualquer terreno médio é usado para construir mais um condimínio, que daqui alguns meses será habitado por dezenas de famílias, que não relação alguma com o bairro.

Eles não são do bairro, não cresceram aqui, não se orgulham em dizer que são daqui. Só conhecem o bairro de dentro dos seus carros. Esses chamados "bem-sucedidos" saem cedo nos seus carros filmados, passam o dia presos no escritório e no trânsito e a noite voltam para o seu "Ap", voltam para seu mundinho.

Assim, cada vez mais o bairro vai perdendo dua cara, seu jeito, sua identidade... É o preço pago pelo chamado "progresso".

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Identidade dos bairros de São Paulo

               
                Por: Beto

                É fechado que eu começo a pensar nesse tema.
                Difícil pensar sobre a identidade do meu bairro olhando para ele. Contemplando-o.
                Talvez na sacada. Sentado numa muretinha que resta de tempo livre para um paulistano.
                Onde é possível apreciar das mais requintadas iguarias da culinária francesa, passando pelas exposições de algum contemporâneo renomado e finalizando numa amostra de músico tailandesa, não resta a um paulistano muito mais que uma mureta.
                Ela é sim, variável. Uma mureta pode ser uma poltrona, ou sofá em frente aos 179 canais digitais. Pode ser a cadeira giratória que nos leva ao mundo virtual, ou as cadeiras do avô quatrocentão, que leva ao mundo intelectual.
                Não nos resta mais que uma mureta na sacada.
                E fique esperto, sempre alerta, como diriam os escoteiros da selva. Podem estar filmando seu computador, e planejarem entrar em sua casa à noite. Podem observá-lo à distância, e interpretar sua atitude. Estranha, ela seria chamada.
                Encostado na mureta. Observando a PAISAGEM de Pirituba. E olha que o Sol de inverno não é nada desagradável. Pelo contrário, deixa tudo até que bem disposto. Há muito cinza, então os pontinhos verdes dão um contraste legal. As coisas “acabadas” não têm cores definidas, então a mistura fica conturbada, apesar do predomínio ser alaranjado. Inacabado.
                Mas o que diria, ou melhor, o que é possível dizer sobre essa paisagem? Seja o que o for, você o fará sozinho. É desse princípio que eu vejo ser possível falar sobre identidade aqui, ou acolá, em SP. Você fará isso distante das pessoas a sua volta. Por mais que pareça estar cercado delas. Aquelas que deveriam construir a tal identidade.
                Certo... É fácil dizer que isso é óbvio. Há tanta mistura. De Norte a Sul, do continente que é o Brasil, no país que é essa cidade.
                É fácil dizer que isso é fruto da correria... veja só: “Vamos ali, empinar pipa... Quê? Quem sabe dia 30, estarei de férias, tem um tempo até o dia 04, vou viajar depois. Agilizar uns negócio. Mas viu, qualquer coisa escreve um e-mail.”
                “Nada disso”, alguém poderia gritar. A perda de identidade  entre as pessoas é fruto da violência urbana! Sim!!!!!. A violência urbana deixa-nos com medo não é?.
                Numa rua hostil, muitas são as maneiras de ser ferido. Cacetete, bala bandida, bala do Estado. Facada, murro na cara... Atropelado, vingado... Vítima de um psicopata ou de um motorista que atualmente prefere guiar pela contra mão...
                O que seria essa perda de identidade?
                Convivendo por essas palavras, os sujeitos migram da lan house aos blogs, do twitter ao facebook, do cidade alerta! (ou urgente!, agora! Acontece! E etc) à SPORTV. Quem é capaz de julgar essa distância entre as pessoas? Quem é capaz de definir?
                Uma pausa pra trocar de mureta. Quem sabe uma mais confortável... E até mesmo fotografar essa cena.

                               

                Vejo que não é à toa a perca da identidade dos bairros. Tomo como exemplo os edifícios. Eles (des) constroem a paisagem de São Paulo há anos. De identidade no Centro só restam aquelas de agenda. Com horário e preço definidos, onde estudante e professor paga meia. O resto foi varrido por edifícios. Cada um à sua época, transmitindo as mais diversas identidades. Barões do café, arquitetura européia (não me pergunte época, nem tendência, nem estilo, nem nada!), prédio cibernéticos americanizados... O Centro de São Paulo é uma salada de identidades que nos habituamos a chamar de CAOS.
                Quando são rabiscados e escritos pelos pixadores, reclamamos.
                E os bairros periféricos. Aqueles onde se supões estar presente alguma identidade? São também cada vez mais varridos pelos tais edifícios. Alguns têm a vista privilegiada da Marginal Tietê, ou o acesso instantâneo para a via Expressa, que, diga-se de passagem, é corretamente chamada de obra faraônica, pelo milagre que faz em nossas vidas... poderiam também ser chamadas de “obras divinas”, “obras do profeta”...
                Mas voltando, também temos os edifícios mais afastados. Inclusive há uma sigla. CDHU. A precária e ínfima maneira de agregar todos à cidade.
                A cidade onde reflito aqui sobre identidade.
                Nada mais coerente do que nossa identidade estar preservada dentro dos edifícios. Neles há trabalho, escritórios, moradias, segurança, TV e internet a cabo, “água pro banho e bom nível de informação”, como diria B.Negão.
                Afinal. Não são estes nossos hábitos? Partindo do princípio que nossos hábitos representam nossas identidades...
                Pô. Tem um peixinho entrando num pipão. Se tomar relo vai ser foda!
                Essa frase tem tanta identidade atual quanto uma pintura rupestre. De alguma sociedade que chamaríamos de arcaica.
                É assim, (des) envolvidos, que proliferamos nossa identidade. No núcleo familiar fechado, aguardando a chegada dos edifícios para valorizar nossa área.